quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

...rua

Sonhei uma álea,
quiosque de pastiches,
tinta-da-china,
linha quase dolorida.
Ao canto, numa frinja,
entre dois leões escapados do pó,
uma água-furtada espreita.
Para nada ou ninguém.
As quatro pessoas não passam;
sorriem ao nada,
ao infinitamente branco
dum enquadramento alegre,
entre gargalhadas espumosas.
Sempre uma sonhei assim a minha rua.
Qui-la assim,
assim ma deram.
Possuo-a
como o dedilhar,
amoroso, filigranado,
do mestre guitarrista,
na ternura envolvente do seu amor,
nos olhos que soerguem aquela álea,
a semiabrigam do sol,
lhe levam gotículas de água,
e suspiram de enlevo.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A faca




A faca tem ponta,

Que conta,

E deixa tonta, a moça gela!

A faca corta

E espanta, depois entorta quando bate na porta,

E isto importa? A moça gela!

A faca cai,

Cai de ponta,

E aponta à porta,

A moça morta!


(Foto extraída da net)

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Palíndromo amoroso


Eram estranhos...
Conheceram-se.
Por sete anos viveram juntos.
Separam-se.
Por sete anos ficaram distantes.
Reencontraram-se.
Eram estranhos...

José Antonio Klaes Roig

Obs.: imagem extraída da internet, endereço abaixo
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao_artistica/0008.html

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

(...) transcrição...

"Sou a gaivota
que derrota
todo o mar tempo no mar alto
eu sou o homem que transporta
a maré povo em sobressalto"


(José Carlos Ary dos Santos in As letras das canções)




Trepei ao poente,
trouxe o meu povo.
Êxodo letárgico,
a busca do sorriso.
Lentas,
gaivotas deslizantes,
em rotas de golfinho.
Inquieto, aquele povo-gente,
mirava um susto de mar irado.
Lobriguei caminhos,
atalhos de fuga.
Alguém quis ciciar uma oração;
o tempo fora longo, dorido,
assim a prece.
Longe, a fúria dos donos das vidas.
Agora, podíamos estacar ali pra sempre.
Mas a revolta fora nossa,
partiríamos menos amarrados,
mais nós!
Assim seria,
entre vagas,
entre medos,
entre tanto!!

(foto extraída da net)


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