quarta-feira, 25 de março de 2009

O Príncipe Com Sorte


A morte, a sorte, o norte...
Sem sorte na vida,
O Eu Lírico foi para o Norte,
Lá desposou a Sorte,
Rompeu com a Morte
Que estava a rondar seus caminhos...
O príncipe consorte esqueceu
Que não adianta fugir do desconhecido;
Aonde quer que se vá
Nossas pegadas denunciam nossos sonhos,
Nossas palavras delatam nossos pensamentos.
Se a Morte mora mais ao Sul
De nada vale seguir no caminho oposto,
Pois Deus em sua infinita grandeza
Propõe-nos deixar de lado a orientação por aparelhos,
E seguir em frente dotado apenas da intuição...
A verdadeira bússola mora em nós
E seu pólo magnético oscila de quando em quando...
Quando mais se segue adiante, mais em círculos se anda,
Em breve voltaremos ao ponto de partida,
Onde a morte, a sorte e o norte,
Para alguns desorientados, pode ser uma revelação...
Com sorte, o príncipe um dia encontrará
Seu reino mais próximo do que pensa...
Longe dos pólos, mais próximo dos trópicos...
O que nos torna distantes de nossos sonhos
É não saber desvendá-los em tempo
Dentro do próprio coração...

José Antonio Klaes Roig

domingo, 22 de março de 2009

Gravura

Podias ficar com uma imagem;
a luz das palavras, dos sons
trocam o signo.
Lugar onde,
de onde,
sujeito sem objecto.
A partida nem saiu do molhe,
a figura,
a imagem,
o retrato,
descansaram sobre o aparador,
escondidas em memórias
empoeiradas
num amanhã insone.
(vd. fig. inclusa)

terça-feira, 17 de março de 2009

A corda



A corda amarra,


Faz laço, e lança longe.


A corda acorda a moça,


E a moça grita, a corda salta.


E bate, a moça chora.


A corda enrola, e o desgosto,


Ela envolve o pescoço,


A moça grita e chora.


A corda puxa, a moça suspira,


E a corda sobe, e desce, e sobe, a moça morre.
(Imagem extraída da net)

terça-feira, 10 de março de 2009

Enigmático Poema


A roda da existência está sempre a girar
enquanto o grande redemoinho do tempo
brinca de ciranda com o espectro solar...

O sono profundo do céu
ao mar dos sonhos tragar,
mergulhar em um outro mundo
e em estrangeiro à tona regressar...

O sono profundo e o mergulho mortal
nas profundezas da alma e dos temporais...
Amar é viver como a aranha que tece
seu imenso emaranhado de versos
para a mosca das horas aprisionar...

O amor é um pequeno círculo fechado
de onde a pomba branca não consegue voar...
Vejo um mundo imenso nas entrelinhas
da palma da mão da mulher amada...
Nas linhas imaginárias entre o sonho e a paixão
Caminho descalço entre a terra do fogo
e o tormentoso viver sem te mirar...

José Antonio Klaes Roig

segunda-feira, 9 de março de 2009

soneto ao quase-voo...

(imagem retirada da net)

Bailarina de papel,
volteias fincada
num velho burel,
em risos de nada.

Rodeias, giras, sobes.
Quem irá cinzelar,
em cisco ouro, cobre,
vórtice assim lunar?

Num hirto espaço,
tinta tuas mãos
de grácil harmonia.

Louca, ágil, rodopia!
Corpos mortos, vãos;
sinistro, fatal passo...