domingo, 11 de abril de 2010

águas latentes

Sonho-me às vezes rei, nalguma ilha,

Muito longe, nos mares do Oriente,

Onde a noite é balsâmica e fulgente

E a lua cheia sobre as águas brilha...

(Antero de Quental, Sonetos)

Encosto os joelhos ao queixo,
as águas acariciam-me.
Pra trás, ao fundo,
entre palmeiras duvidosas,
caminhos toscos,
batem, chocalham,
as canecas da alegria
dum povo que desejo feliz.
Do poder, da posse,
apenas desejo a noite balsâmica,
fulgente,
e nas águas brilhantes,
quero a Lua pra nela brincar,
em jeito de menino,
porque agora, aos meninos,
cegaram-se as vistas;
e na minha ilha,
a oriente de todos os sonhos,
de todos as visões,
está a minha majestade ignorada,
o meu poder apagado,
a inocência diluída.





(fonte da imagem:
http://osaldanossapele.blogs.sapo.pt)

Um comentário:

maré disse...

subtraio duas palavras
e dou-te a lua

e um espelho de ternura
sobre o azul

__