terça-feira, 7 de setembro de 2010

O Arrebatamento

As linhas
Do teu corpo,
Desenhadas,
Como que talhadas
Por um deus
-com se tu fosses, na verdade,
Um anjo

Tanto que os lençóis
Em meu, antes, solitário leito,
São agora como que nuvens

E tu lá,
Serena

De tão puro e calmo,
Mais parecia que tu havias
Arrebatado a minha, antes, taberna,
Agora, templo teu,
Aos céus de tua também, antes, solitária morada

Em um súbito instante,
Porém, quase infinito,
Perco-me de mim e de tudo

O antes tão conhecido quarto,
É, agora, um mistério inteiro e sem fim
Em que só o teu cheiro me é familiar

Eu que agora aprenda a navegar.

07/09/2010
18:40

2 comentários:

Jaime A. disse...

"(...)os lençóis
Em meu, antes, solitário leito,
São agora como que nuvens"

Adorei as tuas metáforas.
Eis aqui um excelente poema de amor, a terminar de uma forma linda.
Parabéns.

MaRio Rafael disse...

Muito obrigado Jaime, vindo de um poeta como você é muito importante pra mim. Gosto deste poema por que me veio de uma vez só, eu que a muito já não escrevei mais desta forma.