sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Estímulo visual

 Duas horas.
Os campos abrem caminho
por entre o canto das cigarras.
O ar treme, vazio de pó,
e é esse deserto que o Sol assombra.
O grito encova-se
na inutilidade,
no fardo daquele dia.
Duas e meia.
O suor secaria nas têmporas,
se não houvesse deserto
e o canto das cigarras.
Três horas, quatro, cinco.
Quando os azuis se encontram,
o horizonte salpica-se de infinito,
e é nas gotas de suor
que não brotaram
que floresce este Alentejo,
para além do Tejo,
para além de mim!

Jaime A.

(originalmente publicado
no meu blogue sopro divino)
(fonte da imagem:
http://consolide.wordpress.com/)